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Teleférico, jardim botânico e visita ao cassino

Na manhã seguinte, nosso quarto dia em Funchal, subimos o morro de teleférico e visitamos a igreja da Nossa Senhora do Monte, onde está a tumba do último imperador da Áustria, Carlos I, que morreu exilado na ilha, em 1922. A vista que se têm da cidade na subida é muito bonita, mas não nos sentimos muito confortáveis no vagão de seis lugares, pendurado por apenas um cabo de aço. Lá em cima, além da igreja, nos chamou atenção a cambada de malacos que vive de descer turistas morro abaixo, em trenós de madeira, de dois lugares, escorregando. No arranque, os dois condutores puxam o trenó por cordas e, em seguida, se posicionam na parte de trás para direcionar o veículo com o pé em que não estão apoiados – os sapatos que usam têm solas de borracha de uns três ou quatro centímetros de espessura. O preço: 25 euros, por cabeça. E a gringarada toda, em especial os mais velhos, pagam. Fiquei sabendo pelo Rodrigo, depois, que a profissão é bem remunerada para os padrões da ilha.


Voltamos para casa, pegamos a Malu e nos mandamos para outro morro, dessa vez de carro, conhecer o jardim botânico de Funchal. Lugar bonito, vista bonita da cidade. Nos lembrou o Brasil, pela variedade e exuberância das plantas. Cactos, flores grandes e coloridas, orquídeas, bromélias e uma ampla variedade de árvores frutíferas.

À noite, dei um pulo no Diário de Notícias, onde o Rodrigo trabalha, para conhecer o jornal e ver a gravação do programa que ele se meteu a fazer na rádio local, que pertence ao mesmo grupo de comunicação. O cara foi contratado para tocar a reforma gráfica do diário, mas, puto de não encontrar nenhum bar que toque rock and roll, passou a levar igualmente a sério a idéia de catequizar a juventude local com guitarras distorcidas.

O fechamento atrasou. Mas, ainda assim, passada a meia-noite, fomos todos tentar a sorte no cassino da ilha, uma espelunca barulhenta e carregada de fumaça de cigarro, que funciona num hotel de luxo próximo do centro da cidade. Cansada, a Erika não jogou. Eu perdi 5 euros na roleta, mas o Rodrigo e a Malu tiveram melhor sorte no caça níqueis. Ele ganhou uns 50 e tantos centavos, ela levou para casa mais de 30 euros.

Curral das freiras e o futebol local


O Curral das Freiras (curral é vale, no português de lá) foi a atração seguinte do nosso roteiro, já em nosso quinto dia de Ilha da Madeira. Fundado por religiosas ainda nos tempos em que os ataques de piratas à ilha amedrontavam a população local, o lugar é hoje um pequeno vilarejo, incrustado no meio de um vale com montanhas de mais de mil metros de altura. Já não existe convento ou qualquer edificação que lembre as freiras. A graça do passeio é percorrer as sinuosas e estreitas estradas à beira de penhascos observando a vista. Logo acima da vila, há um mirante, de onde é possível avistar o mar, em dias de céu claro. Depois de apreciarmos a paisagem lá do alto, descemos em direção à vila e almoçamos uma das especialidades locais: sanduíche de bolo do caco, um X-Salada que, ao invés de hambúrguer, é feito com um bife macio e um pão redondo e achatado, com uns dois dedos de espessura e uma casca que parece a de massa de pizza. Na verdade, neste dia, ao invés do bife, comemos um bolo do caco com filé de peixe espada, outra especialidade local.

Do curral, fomos direto assistir a uma partida de futebol entre Os Belenenses, de Lisboa, e O Nacional, um dos dois times locais que integram a primeira divisão do campeonato português, com ingressos que o Rodrigo nos arrumou. O primeiro tempo foi uma tremenda pelada, mas o jogo melhorou um pouco no segundo tempo e terminou 2 a 1, para o time visitante.

Melhor que a partida, em si, foi conhecer algumas das histórias sobre o futebol da ilha. O estádio do Nacional, onde assistimos à partida, por exemplo, foi construído no alto de uma morreba, que deve ter pelo menos uns 800 metros de altitude. Só que, incautos, os responsáveis pelo projeto, concluído no final do ano passado, esqueceram de levar em conta a alta incidência de neblina no local. Em função disso, é comum jogos serem interrompidos por falta de visibilidade.